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Conic - Um tablado democrático

O que marca os 47 anos de história do Conic é a diversidade cultural que ainda hoje reina por lá. Quem visita o Conic pela primeira vez se impressiona com a quantidade de pessoas que circulam por seus 100 mil m². De mendigos a empresários engravatados, o Setor de Diversões Sul, nome original do local, é democrático em todas as suas expressões.(Veja a entrevista com a Prefeita do Conic)
Talvez a melhor descrição do local seja “no Conic tem de tudo”. Pelos corredores simples e convidativos, é possível encontrar igrejas, salão afro, livrarias, boates, cinema pornô, lojas de camisetas, sindicatos, restaurantes, faculdades e a maior concentração de óticas da cidade. Como no tablado de um teatro, ali, todos têm vez e todos têm voz.
Na época de sua inauguração, em 1967, o Conic era frequentado principalmente por funcionários de embaixadas ainda em construção. Por isso, o local virou centro de restaurantes e lojas sofisticadas. Com os anos, as embaixadas ficaram prontas e essas pessoas foram abandonando o lugar. Desde então, bares e outros comércios populares passaram a ocupar o local. Nem por isso o Conic perdeu o seu encanto.
Josimas Costa: "Aqui, criei a minha família."/  Foto: Camilla Venosa
O Conic, então, virou moradia de usuários de drogas, prostitutas e violência. Mesmo assim, alguns comerciantes não desistiram do local. Josimas Costa comprou uma barbearia no Conic, em 1976, e vivenciou quase todas as fases do local. “Aqui, tinham muitas drogas e prostituição, mas eu fiquei. Aqui, tive minha subsistência e criei a minha família.”
O zelador, Sebastião Santos, mais conhecido como Tião, está há 23 anos no Conic e trabalha nos 15 prédios que compõem o complexo. Ele afirma que, nos últimos anos, a segurança do local melhorou e que, agora, a situação do Conic é outra. ”Aqui era um pouco violento. Hoje, não tem mais violência porque tem segurança.”
Apesar dos tempos difíceis, o Conic não perdeu seu espaço na cidade, foi se reestruturando e aos poucos reconquistando o público. O local conta, hoje, com 2 mil centros comerciais e cerca de 400 mil pessoas circulam por lá diariamente. A atual prefeita do complexo, Flávia Portela, conta que o Conic conseguiu refazer a sua imagem, mas ainda é preciso muito trabalho. “Já melhorou, mas não melhorou na velocidade que eu queria até por falta mesmo de recursos. Meu trabalho, hoje, é manter essa aura para que não vá tudo para as cucuias.”

Anderson Mol, dono de um restaurante no Conic: "Eu nasci aqui [no Conic]" /  Foto: Camilla Venosa


As pessoas que ali trabalham fazem parte dessa história singular e não querem abrir mão de seu negócio pela tradição dos estabelecimentos do Conic, que é passada de gerações. Dono de um restaurante localizado no centro do complexo de prédios, Anderson Mol da Costa, de 35 anos, tinha apenas 4 quando seu pai criou a loja e, hoje, dá continuidade ao trabalho. Ele conta que outros comerciantes do local também criaram suas famílias pelo Conic. ”Eu nasci aqui. Tinha muita gente conhecida, muita criança mesmo nessa área. E muitos comerciantes estão aqui até hoje, sobrevivendo disso.”


Por Camilla Venosa - Esquina Online