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Conic - O último reduto de literatura e música


Ivan conversa com amigos que sempre passam no local para falar sobre politica e diversos assuntos. Além disso, ouvem músicas dos LP's que o dono do Quiosque Cultural vende. Foto: Reprodução/Pedro Paulo Borges
Quatro cadeiras colocadas de forma precisa ao lado de um cinzeiro. Esse é um cenário de espera da chegada dos amigos, talvez para um papo sobre livros, LP’s ou sobre o cenário da politica atual: mais progressista ou liberal. No som, B. B. King toma conta do espaço destinado à passagem dos pedestres, que talvez possam parar alguns minutos para desfrutar de ar fresco, livros e boa música. E tudo isso acontece no Conic, sempre de segunda a sexta-feira, na parte da tarde, quando o animador cultural Ivan Presença, como é conhecido, abre o Quiosque Cultural, último reduto literário do centro de comércio e entretenimento mais famoso do Setor de Diversões Sul.​ Confira no vídeo abaixo.


A história de Ivan Presença com Conic começa nos anos 1980 quando ele abandona uma livraria na 102 sul para abrir a livraria Presença, substituindo a livraria Galilei que teve que fechar as portas. O local era um reduto cultural famoso e recebia de personalidades até quem precisava de um espaço para mostrar o trabalho. O animador cultural não parou por ai e abriu o café Belas Artes, que era um point de várias tribos e tinha grande público. Mas em 1995 com a crise econômica, Ivan teve que abandonar os dois negócios e deixou o Conic. Em 1999, após um convite do antigo prefeito para tomar conta de um espaço abandonado, o animador cultural criou o Quiosque Cultural que, segundo ele, é um espaço de resistência da cultura de Brasília.

No local há aproximadamente 30 anos, Ivan conta que o Conic já teve mais de 13 livrarias, e que hoje é tomado pelas livrarias religiosas e que ele é um dos únicos que vendem livros no local. Para o estudante de filosofia Rafael Nascimento, que trabalha com Ivan Presença há mais de um ano, o Quiosque Cultural é um centro de resistência da cultura brasiliense. “Aqui é um centro de resistência da cultura, você vê casas de cultura fechando, mas aqui não, o movimento pode estar bem fraco, mas não fecha”, afirmou.

Espaço reduzido onde Ivan Presença coloca alguns livros e LP's à venda. Segundo ele, no depósito ainda ficam guardados 100 mil livros e 30 mil discos de vinil. Foto: Reprodução/Pedro Paulo Borges
Segundo Ivan, para voltar ao espaço, ele teve que fazer a opção para vender livros usados. “Eu tive que optar pelos livros usados já que os preços dos livros novos estavam inibindo os leitores. Além deles, tenho aqui LP, CD, DVD e VHS”, contou. De acordo com ele, devidos alguns pedidos especiais e por conta do espaço não é possível armazenar todos os livros no Quiosque. “As pessoas vêm aqui e quando não encontram o que querem eu tenho que procurar no depósito, que tem mais de 100 mil livros e 30 mil LP’s. Por conta do espaço pequeno, da trabalho pra encontrar alguns pedidos”, relatou.

O animador cultural, em 2014, mais uma vez quase teve que fechar as portas por conta de reforma prometida pelo governo. Segundo ele, nunca mais tocaram no assunto por conta da vitória de outro candidato. “Eles me pediram para reduzir o espaço do Quiosque por conta da reforma no Conic. Eu reduzi, mas nunca começaram a obra então estou vendo para voltar ao meu lugar com a minha tenda e trazer mais livros e atrair mais gente”, relatou.

Por Pedro Paulo Borges - Esquina Online