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Bem estar que vem pela fé

Entre o dom, o ofício e a solidariedade, ainda hoje as rezadeiras promovem a cura do corpo e da alma. Leia a matéria completa.


Por Tuíla Rodrigues

Jardins verticais colaboram por estilo de vida saudável

Além de tendência no paisagismo, o cultivo de plantas na vertical oferece praticidade para quem mora em locais com pouco espaço

A vida saudável não consiste apenas em exercícios e atividades físicas. A boa alimentação e o contato com a natureza também são essenciais para evitar doenças e manter o corpo funcionando. Uma boa opção é cultivar um pequeno jardim ou mesmo uma horta orgânica dentro de casa. O melhor de tudo é que esse artifício nem precisa de muito espaço, pois muitas plantas podem ser cultivadas na vertical.

Pensando nisso, a moradora de Vicente Pires, Rosângela Toncovitch, resolveu montar duas estruturas com vasos nas paredes da área externa de casa. Em uma delas foi criado um jardim com flores artesanais, e na outra, ela resolveu cultivar uma pequena horta com os mais variados tipos de especiarias.

“Sempre uso temperos frescos, tudo da minha hortinha vertical. Eu tenho salsinha, cebolinha, pimenta, tomilho, alecrim, manjericão. Tem até hortelã”, diz orgulhosa. A dona de casa explica que teve a ideia após ler uma matéria na internet sobre o assunto e comprou todo o material necessário em uma floricultura.

Rosângela utiliza as plantas cultivadas na horta vertical de casa para preparar as refeições da família

Buscando amenizar a falta de áreas verdes em espaços pequenos, os jardins verticais são muito utilizados não só como uma tendência do paisagismo, mas como forma de interagir com o meio ambiente. Os benefícios desse recurso incluem redução da poluição sonora e revestimento acústico, já que as plantas absorvem ruídos, isolamento térmico e aumento da massa vegetal.

Segundo o engenheiro agrônomo e professor há 12 anos das disciplinas de paisagismo nos cursos de Arquitetura e Design de Interiores do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), Alexandre Sampaio, o cultivo de plantas é reconhecidamente importante para o ser humano. “O parque urbano, por exemplo, existe para permitir o contato do ser humano com a natureza, e quando se consegue ter isso em casa é muito bom”.

Alexandre avalia que a jardinagem pode ser um hobby gratificante e agradável. “As pessoas que praticam a jardinagem e o cultivo de plantas, relatam que é uma coisa extremamente prazerosa, lúdica. Muitos psicólogos recomendam aos pacientes passar a praticar jardinagem, até uma pequena horta”, acrescenta.

Outra curiosidade é que, diante das carências financeiras, o cultivo de plantas e a fitoterapia (o estudo das plantas medicinais e suas aplicações na cura das doenças) é uma alternativa viável para a maioria dos brasileiros. Isso é demonstrado em um trabalho elaborado e coordenado pela equipe de pesquisadores, estagiários e bolsistas do LEBA (Laboratório de Etnobotânica e Botânica Aplicada), da Universidade Federal de Pernambuco.

A pesquisa defende que o uso de plantas de forma medicinal é uma alternativa barata e de fácil obtenção, porque podem ser encontradas até mesmo nas vizinhanças de casas, além de terem eficácia comprovada pelos cientistas. No entanto, as pessoas precisam tomar conhecimento de que, mesmo sendo medicamentos naturais, podem causar problemas de saúde se forem usadas de maneira errada.

Dicas importantes

Para ajudar a montar uma horta ou um jardim vertical, a escolha das plantas precisa ser cautelosa, uma vez que devem se ambientar bem às condições do local. “O que é importante é ter luz natural o suficiente para o jardim se desenvolver”, explica o professor Alexandre Sampaio.  Ele certifica que as plantas ideais são as pequenas, evitando as maiores, como arbustos, palmeiras ou árvores.

A paisagista Marcia Joly tem 14 anos de experiência no ramo e se considera uma das pioneiras na região de Campinas, município localizado a 99 km a noroeste de São Paulo, capital estadual. Ela explica que, além das espécies certas de vegetação, é fundamental que haja um sistema de irrigação. “A planta só vai se desenvolver se ela tiver a quantidade necessária para isso”, garante.

Os sistemas podem possuir irrigação automatizada por gotejamento ou o cuidado pode ser feito manualmente, dependendo do tamanho do jardim. Para Marcia, o ideal é ter um sistema de irrigação automatizado, atentando que é necessário um ponto de escoamento dessa água que será utilizada vai irrigar as plantas.

 Sobre a organização do espaço, a paisagista recomenda colocar plantas pendentes, pois são ricas em volume, forma e textura, e tem o necessário para deixar o espaço aéreo ainda mais bonito. “O que eu recomendo são folhagens, algumas orquídeas, samambaias e algumas plantas pendentes como o aspargo”, propõe.

A paisagista acredita que qualquer pessoa pode ter um jardim vertical, desde que goste de plantas e se disponha a cuidar delas.

Na última edição do Casa Cor Brasília 2016, realizado entre 22 de setembro a 9 de novembro, o jardim vertical marcou presença em vários ambientes. Veja algumas inspirações:

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Por César Raizer


Estudo revela que fracasso do time consegue afetar performance do torcedor no trabalho


Segundo a pesquisa, a irritação do futebol pode impedir o bom desempenho dos trabalhadores fanáticos

A primeira frase de “O campeão”, composta por Neguinho da Beija-Flor, já é suficiente para colocá-la entre as músicas definitivas sobre o futebol nacional: “Domingo eu vou ao Maracanã”. Afinal, todo brasileiro fanático por futebol sabe que nesse dia da semana tem transmissão de jogo. Mas se o time perder, por consequência, a segunda-feira pode virar um dia de tristeza. Pelo menos é o que alega um novo estudo desenvolvido pela Universidade de Tessalônica, na Grécia.

Os autores da pesquisa, especialistas em psicologia organizacional, convocaram 41 servidores do setor público de partes distintas do país e que torciam para diferentes times. Durante quatro semanas, os participantes deveriam acompanhar no domingo os jogos do time favorito, no estádio, na TV ou no rádio, e preencher um diário toda segunda-feira. Assim como no Brasil, domingo é o dia em que a Grécia exibe grande parte dos jogos de futebol.

Os torcedores deveriam começar o diário avaliando o desempenho do time no dia anterior, especificando se concordavam ou não com a afirmação "estou satisfeito com o resultado do meu time". Depois, era necessário definir como se sentiam pela manhã, por meio de adjetivos como entusiasmado, alerta, inspirado ou chateado, irritável e nervoso. No dia seguinte, após terminar o dia de trabalho, os participantes descreviam a performance na segunda-feira, baseados no empenho e na sensação de realização.

A conclusão foi que, quando o time tinha jogado mal no dia anterior, os participantes sentiam na segunda-feira complicações que iam desde fraqueza até falta de foco no trabalho, e voltavam para casa com a sensação de que não conseguiram cumprir as metas necessárias para aquele dia. Além disso, a questão não era só se o time ganhava ou perdia, pois quando ganhava e o torcedor avaliava mal o jogo, isso também potencializava o desânimo no início da semana.

Os pesquisadores chegaram à constatação de que os gestores que têm funcionários fanáticos por futebol deveriam levar em consideração essa variação de humor e tentar propor tarefas na segunda-feira que ajudem a distrair o empregado das preocupações futebolísticas.

Amantes do futebol

Na opinião do jornalista Gustavo Toncovitch, a derrota do time pode realmente afetar o desempenho dos apaixonados por futebol no trabalho. “Esse estudo constatou o que a gente já sabe! O torcedor vai ficar chateado, triste e não vai ter um desempenho no trabalho da mesma forma se o clube tivesse ganhado”, diz.

Desde criança, Gustavo é fã de carteirinha do clube paulistano Corinthians, mas reconhece que já foi mais devoto ao esporte. “Eu tive uma época em que era extremamente fanático. Quando o meu clube perdia ou não atuava de forma satisfatória, o rendimento no trabalho e na faculdade não era o mesmo, era bem abaixo do que eu poderia fazer”, confessa.

O corintiano Gustavo Toncovitch acredita que ver o time perder piora o desempenho do torcedor no trabalho

Outro aficionado por futebol é o assistente administrativo Deneval de Freitas Junior, que torce para o Flamengo. Todos os anos, ele compra pelo menos duas camisas oficiais do time do coração, mas diz que não chega a discutir com os colegas de trabalho sobre o desempenho dos jogadores depois das partidas.

Deneval, que já trabalhou em lugares onde os funcionários gostavam de “pegar no pé” dos torcedores derrotados no dia anterior, conta que é comum ver colegas que se irritam e ficam nervosos com as brincadeiras no ambiente profissional. “Onde eu trabalho hoje o pessoal não gosta muito de futebol, então não tem quem fique me sacaneando. Se meu time perde no domingo, eu vou trabalhar na segunda e nem lembro do jogo porque não tem ninguém para ficar me lembrando”, comenta.

Deneval Junior encara as brincadeiras com tranquilidade, mas diz que alguns colegas não gostam das piadas

Gestores atentos

O empresário Giulianno Passani é sócio de uma empresa que comercializa filtros purificadores de água no Distrito Federal. Atualmente, o negócio conta com quatro prestadores de serviço, que frequentemente comentam sobre jogos de futebol quando estão no escritório. Passani, que torce para o Vasco da Gama, admite que as gozações entre os colegas são inevitáveis.

Apesar das chacotas, o vascaíno sempre tenta manter o ambiente de trabalho respeitoso dentro da firma. “Quando a gente percebe que tem uma coisa que passa do ponto, não só em relação ao futebol, e vê que a brincadeira é uma coisa desagregadora, que atrapalha, conversamos em off para tentar dar uma equilibrada. Essa questão de trabalhar em um ambiente ruim nunca é legal”, adverte.

O empresário Giulianno Passani com os sócios Paulo Henrique Azevedo e Gustavo Suzuki

Com mais de 8 anos de experiência trabalhando com Recursos Humanos, a analista de capital humano da TV Globo de Brasília, Rachel Ribeiro, avalia que alguns funcionários ficam realmente abalados quando o assunto é futebol. “Tem gente que fica muito chateada e outros que se aproveitam da chateação alheia para ficar provocando mesmo. Você sabe que a pessoa se aborrece”, diz.

Para a analista, apesar de lidar com uma população majoritariamente masculina, o futebol não chega a interferir tanto na performance dos funcionários porque o ofício de uma emissora de televisão funciona dentro de um mercado fora do padrão. Ela avalia que, nas atividades de escritório, “talvez fosse observável alguma coisa semelhante, mas lá no operacional do nosso produto final eu acho difícil, porque envolve muita tensão, muita adrenalina”.

Rachel defende que, na companhia que trabalha atualmente, “não há muito espaço para isso”. “A pessoa bem ou mal tem que desempenhar bem porque tem uma entrega para fazer e eles (empregados) são muito engajados nessa entrega... só quando é alguma coisa muito séria que a pessoa às vezes não vem ou tem uma influência na atividade que caracteriza o que essa pesquisa falou”, alega.

O difícil vai ser, por mais que a ciência comprove, que essa desculpa vá convencer algum chefe na segunda-feira de manhã.

Por César Raizer

Um espelho da realidade do estupro no Brasil

Diariamente mulheres de todas as idades sofrem com o medo constante de serem vítimas

Imagem:

Estupro é um fantasma que amedronta milhares de mulheres diariamente, seja no transporte público, na rua ou mesmo dentro de casa. Uma pesquisa encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e realizada pelo Datafolha demonstrou que 85% das mulheres entrevistadas têm medo de ser estupradas, enquanto entre os homens somente 46% possuíam o mesmo temor. O estudo apontou ainda que esse medo é mais comum entre adolescentes e mulheres jovens e moradoras das regiões Norte e Nordeste. No Norte do país, o percentual chega a 87,5% das habitantes.
            Os valores mais recentes do crime mostram que em 2015 foram registrados 45.460 casos de estupros em todo o país, de acordo com dados do 10º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Esses números são referentes aos crimes praticados contra homens e mulheres, uma vez que em 89% dos casos registrados a vítima é do sexo feminino. As bases apontadas são menores que em 2014, quando foram indicadas 50.438 ocorrências, uma redução de 10% em relação à contagem atual.

180

Em contrapartida, o serviço de atendimento Disque 180 apontou um aumento de 129% no número total de relatos de violência sexual (estupro, assédio, exploração sexual), uma média de 9,53 casos diários.
O ligue 180 é uma central telefônica voltada para as mulheres que atua em todo o território nacional, é um serviço que empodera e garante os direitos das usuárias. Ele recebe denúncias de violência, reclamações sobre serviços de atendimento à mulher e fornece orientação sobre direitos femininos e legislação.  
O Anuário de Segurança Pública chama atenção para o crescimento nos números, que segue em sentido contrário ao de notificação de crimes de estupro. Isso pode ser atribuído a um aumento no reconhecimento da mulher pelos direitos e contra os abusos, mesmo com a culpabilização da vítima, as respostas negativas das autoridades e as descrenças aos relatos de abuso. Esses aspectos dificultam a decisão de denunciar.
No entanto, o levantamento afirma que seria necessário um estudo específico para classificar as diferenças entre os valores de violência. Um dos motivos pode ser a subnotificação, considerando que muitas vítimas não registram ocorrência na polícia. Um estudo no departamento de justiça americano assinalou que, entre 2005 e 2010, 64% das mulheres que sofreram estupros não procuraram a polícia. Já o IPEA calcula que haja 527 mil tentativas ou casos no Brasil, somente 10% deles são reportados.

Culpabilização da vítima
Um em cada três brasileiros acredita que a mulher tem culpa por ter sido estuprada, é o que demonstrou a pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública de 2016. Isso equivale a um terço da população e 33% dos entrevistados pelo Datafolha. Os homens e mulheres que participaram da investigação concordaram com a afirmação: “A mulher que usa roupas provocantes não pode reclamar se for estuprada”.
"Além de afetar a saúde física e psíquica das vítimas diretas, o medo do estupro se coloca como um elemento permanente na vida das mulheres em geral, limitando suas decisões e seu pleno potencial de desenvolvimento e de sua liberdade", diz o estudo.
Em entrevista à Agência Brasil, a representante da Organização das Nações Unidas (ONU) Mulheres Brasil, Nadine Gasman, os dados refletem a estagnação da sociedade brasileira em questões de gênero.
“Apontar que a mulher tem culpa em ser estuprada é uma constatação de que a sociedade brasileira tem avançado em muitos aspectos, mas segue machista, sexista e muito racista”, ela ainda completa “Essa questão é reveladora e temos que trabalhar muito para mudar as concepções de gênero. Temos que entender as construções sociais, de mulheres e homens.”
DF
No DF foram registrados, ainda de acordo com o Anuário de Segurança Pública, uma taxa de 21,4 estupros em 2015. Quando comparado com o estado do Acre, que ficou em primeiro lugar no ranking de estados com os maiores índices, a taxa foi de 65,2. Em números absolutos, foram registrados no Distrito Federal 624 casos de crimes contra a liberdade sexual e 75 tentativas no ano passado, que são os dados mais recentes. A situação do DF não é tão alarmante quanto em outros estados, mas ainda é preocupante.
Fonte: Anuário Brasileiro de Segurança Pública


Como forma de combater a política do estupro e dar assistência as vítimas, o governo do Distrito Federal em parceria com a Secretaria de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude do estado, criou um centro de atendimento para crianças e adolescentes vítimas de estupro, o Centro 18 de Maio.
O espaço 18 de maio irá centralizar os serviços de assistência psicossocial e a investigação de crimes. A intenção é contar com profissionais treinados da área da saúde e assistência da secretaria da criança da delegacia de proteção à criança e ao adolescente, além do tribunal de justiça do DF.
O centro 18 de maio fica na 307 sul, e recebeu esse nome em referência ao Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Os casos serão encaminhados para lá a partir da indicação dos centros de referência especializados de assistência social, os CREAS, dos Centros de Referência em Assistência Social, CRAS, da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, DCPA, além dos conselhos tutelares do Distrito Federal.
A expectativa do governo com o centro é de atender por volta de 360 pessoas por ano, de acordo com dados coletados a partir do Disque Direitos Humanos, o Disque 100.

O local foi inaugurado no dia 25 de outubro e, durante o evento, o governador Rodrigo Rollemberg destacou a importância do centro e o classificou como uma vitória para a sociedade civil e para as vítimas: “Ao mesmo tempo que a criança relata a um psicólogo, tem um delegado ouvindo para poder abrir um inquérito visando a punição dos culpados. Ao mesmo tempo, outros órgãos do Distrito Federal estarão presentes para dar acolhimento a criança e à família dessa criança”, disse o governador.

Expectativas de uma vida pós-internação

Privados da liberdade, jovens em conflito com a lei da Unidade de Internação de Santa Maria (UISS) desejam uma carreira e um futuro melhor.

       O sistema de medidas socioeducativas no Distrito Federal mudou há alguns anos devido ao grande número de problemas enfrentados com o antigo Caje, que ficava situado na Asa Norte. O avanço resultou em um novo modelo de ressocialização, em que os internos vivenciam e experimentam o incentivo à educação com atividades extras, como oficinas de leitura, biblioteca, cursos profissionalizantes, além de frequentarem a escola dentro da unidade, o que dá a esses jovens esperança e perspectiva de futuro.

      Atualmente, são sete unidades de internação: Unidade de Internação do Recanto das Emas (Unire), Unidade de Internação de Planaltina (UIP), Unidade de Internação de São Sebastião (UISS), Unidade de Internação Provisória de São Sebastião (UIPSS), Unidade de Internação de Santa Maria (UISM), Unidade de Internação de Saída Sistemática (UNISS) e Unidade de Atendimento Inicial (UAI).

      As medidas socioeducativas são aplicadas a jovens infratores, adolescentes de 12 a 18 anos, podendo se estender até os 21 anos, e estão previstas no art. 112 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

     Apesar da situação e das condições em que se encontram, alguns internos não desistem da vontade de mudar de vida e proporcionar um futuro melhor para as famílias.

Jovens buscam melhores condições de vida pós-internação.
      Mateus*, 17 anos, já é casado e pai de três filhos, um de dois anos, um de um ano e sete meses e outro de apenas nove meses. Pretende cursar direito quando sair da internação "gosto muito da área de direito e pretendo estudar para ser advogado". Lá ele participa do curso profissionalizante de panificação e dos grupos de leitura. Para ele, os filhos são a principal razão para querer mudar de vida, "sinto bastante falta deles, o mais novo só conheço por foto", se emociona.


Internos participam de grupo de leitura na biblioteca.

      Mesmo sem previsão para sair da unidade, Marcela*, 17 anos, reclusa há um ano e seis meses, por latrocínio, diz que já tem uma proposta de estágio para quando sair "recebi uma oportunidade de emprego, assim que eu sair daqui, vou estagiar em uma rádio". A jovem, que pretende estudar jornalismo e audiovisual, já participou de concurso de redação dentro da unidade, ficou em primeiro lugar, com o tema Sinal de TV Digital. Marcela, que também participa dos grupos de leitura, conta que o desejo de seguir a carreira se deu quando ela morava no Pará, com um primo, que também trabalha com comunicação. "Isso já é um amor antigo", revela. Lá, ela conheceu uma jornalista, que foi quem a inspirou a querer a profissão.
     Seu Francisco trabalha com jovens internos há mais de 15 anos, desde o extinto Caje. Hoje, dá curso de panificação na unidade de Santa Maria. Ele conta que essa profissão é muito delicada, pela situação em que os jovens chegam à internação: "a gente acaba sendo uma referência para eles, damos conselhos, conversamos sobre a vida, essas coisas".

      Lucas*, 17 anos, faz o curso de panificação com o Seu Francisco e pretende seguir com isso. "Quero continuar com o curso e, quem sabe, me tornar padeiro, ou montar alguma coisa para mim", conta.
Curso de panificação na Unidade de Internação de Santa Maria.

      Os professores das medidas socioeducativas são uns dos principais incentivos para esses jovens quererem mudar o rumo e seguir com a vida longe da criminalidade. Eles afirmam que o que eles precisam, na verdade, é apoio e incentivo, já que a maioria é carente e vem de uma família desestruturada.


Por Anne Arnout

 

Homens estão menos resistentes ao exame de toque

Facilidade de acesso a informação torna o procedimento mais importante e menos amedrontador



No mês de novembro, surgiu na mídia o retorno da campanha de prevenção ao câncer de próstata. Agendado, o tema retorna e mexe com a cabeça de homens que não procuram prevenção. Diferentemente das mulheres, eles costumam ser criticados por urologistas porque não cultivam o hábito de se cuidar. Um tabu que envolve essa doença especificamente é que o exame é feito pelo toque retal, o que, em um país machista como o Brasil, é associado a brincadeiras homofóbicas. Fato é que para não transparecer fraqueza, os homens procuram menos atendimentos médicos, conforme levantamentos da própria Organização Mundial da Saúde. No entanto, a novidade nos consultórios é que essa história pode estar em transformação.

O psicólogo Luiz Flávio Mendes explica que o homem costuma se abalar muito com qualquer doença, nele ou em familiares e amigos. O diagnóstico de câncer assusta as pessoas, pois por muito tempo foi uma doença com taxa de cura pequena. “Hoje, felizmente, a realidade é outra, devido ao diagnóstico rápido, ao tratamento com início imediato e com a evolução da tecnologia”, conta. Os medos e receios tendem a diminuir quando o paciente tem uma boa rede de apoio. “A maioria já encara o toque como um exame importante. É bom notar que as esposas têm contribuído para que os homens vejam o toque como rotina necessária”, ressalta o urologista Ernando Pinheiro.

 “A masculinidade não tem nada a ver com a verificação de saúde”, afirma o jornalista John Kennedy, 51 anos. O exame dura de 5 a 7 segundos e pode evitar problemas para uma vida inteira. “O câncer de próstata tem um padrão muito diferente dos outros tipos. Ele não é, a princípio, tão agressivo”, pontuou o urologista Rogério Vitiver, que tem 20 anos de profissão. Ele considera que o comportamento do paciente se alterou nas últimas duas décadas.

Os dias de hoje contribuem com a conscientização masculina, e esse excesso de informação tem facilitado bastante para os homens fazerem os exames. O cuidado com a saúde supera qualquer tipo de preconceito ou tabu. “Não é problema para mim. Encaro uma consulta médica como qualquer outra, para prevenir problemas mais graves”, conta John Kennedy.

Um Antígeno Prostático Específico (PSA) – exame de sangue usado para diagnosticar o câncer de próstata precoce é recomendado pelos médicos para a população geral a partir dos 50 anos, Caso exista alguma alteração, o paciente é indicado a fazer um exame de toque. “Se nessa idade o PSA for realmente baixo, as chances de desenvolver câncer de próstata no futuro são muito menores”, esclarece o urologista Rogério Vitiver. De acordo com histórico da doença na família, é prudente que se faça o exame a partir dos 40. 

Brasília incentiva a campanha Novembro Azul iluminando momumentos (Foto: Valter Campanato / Agência Brasil)

Ao contrário das mulheres, que desde cedo estão acostumadas a visitas rotineiras ao médico, os homens ainda apresentam alguma resistência quando o assunto é a realização de exames. “A maior preocupação é de ter algum problema mais complicado. O câncer com certeza é temido, mas eu prefiro evitar esse procedimento, conta José Silva*. Especialistas alertam que é preciso monitorar de perto os pacientes diagnosticados com qualquer tipo de câncer. Os recém-diagnosticados estão mais vulneráveis ao quadro de depressão clínica, e o atendimento psicológico é necessário para um melhor desempenho no tratamento da doença.

De acordo com a psicóloga Lia Clerot, os homens, por questões culturais e também biológicas, tendem a ficar receosos em situações que possam ameaçar a masculinidade. Questões de saúde atreladas ao sistema reprodutor masculino são tratadas, muitas vezes, com medo e permeadas de dúvidas por pura desinformação. “Enquanto as mulheres tendem a ser muito mais cautelosas com a saúde, em consultas periódicas, eles preferem protelar ao máximo”, explica.  Outra questão pontuada pela psicóloga é o exame de toque, causando inquietação nos pacientes, que ficam com medo de sentir dor ou mesmo sentirem-se violados.

DOENÇA

A próstata é uma glândula que tem em torno de 20 a 30 gramas, do tamanho de um limão taiti, segundo o médico Rogério Vitiver. O órgão fica entre a bexiga e o pênis, e a urina passa por dentro dele, que não tem nenhuma associação com o reto, como a maioria das pessoas confunde. “A gente usa o toque retal porque ela fica próxima ao reto. Pelo toque conseguimos sentir a próstata”, diz. A glândula é responsável por produzir cerca de 30% do sêmen.

De acordo com o especialista, ninguém sabe exatamente a causa do câncer de próstata. Uma associação genética implica que, se já existem casos na família com doença antes dos 70 anos, o risco da pessoa de ter o câncer é quatro vezes maior que o da população geral. “Se existirem dois parentes de primeiro grau, esse risco pula de nove a treze vezes mais que a população geral”, explica Rogério.

A doença é um tumor que, na maioria dos casos, tem um crescimento muito lento. Em geral leva 5 anos do diagnóstico até haver metástase, diferentemente dos outros cânceres, que podem levar ao óbito de 6 meses a 1 ano. “O diagnóstico precoce é fundamental no tratamento. Nessa fase da doença existem boas possibilidades de cura”, garante o médico Eraldo Pinheiro.


Dados do Instituto Nacional do Câncer no Distrito Federal (Arte: Pedro Amaral)


Apesar do câncer de próstata não ser tão agressivo quanto os outros, ele ainda é uma grande preocupação. A campanha de conscientização Novembro Azul, com ênfase, principalmente, na prevenção do câncer de próstata, é destaque nessa época do ano. De acordo com dados de 2014 do Instituto Nacional do Câncer (INCA), esse tumor é o segundo que mais mata no Brasil, atrás apenas do câncer de pulmões. No Centro-Oeste, com 1.069 mortes, segundo o último levantamento, o câncer de próstata é o que mais mata na região. “A consequência é a possibilidade de emitir metástases para outros órgãos, mais frequente para os ossos de qualquer parte do corpo”.

*Nome fictício, personagem preferiu não se identificar.


Por Pedro Amaral e Rafael Vasconcellos

Especialistas dizem que homens estão menos resistentes ao exame de toque

Facilidade de acesso a informação torna o procedimento mais importante e menos amedrontador



No mês de novembro, surge na mídia o retorno da campanha de prevenção ao câncer de próstata. Agendado, o tema retorna e mexe com a cabeça de homens que em todos os meses do ano não procuram prevenção. Diferentemente das mulheres, eles costumam ser criticados por urologistas porque não cultivam o hábito de se cuidar. Um tabu que envolve essa doença especificamente é que o exame é feito pelo toque retal, o que, em um país machista como o Brasil, é associado a brincadeiras homofóbicas. Fato é que para não transparecer fraqueza, os homens procuram menos atendimentos médicos, conforme os levantamentos da própria Organização Mundial da Saúde revelam. No entanto, a novidade que vem dos consultórios é que possivelmente essa história pode estar em transformação.

O psicólogo Luiz Flávio Mendes explica que o homem costuma se abalar muito com qualquer doença, nele ou em familiares e amigos. O diagnóstico de câncer assusta e abala as pessoas, pois por muito tempo foi uma doença com taxa de cura muito pequena. “Hoje, felizmente, a realidade é outra, devido ao diagnóstico rápido, ao tratamento com início imediato e com a evolução da tecnologia”, conta. Os medos e receios tendem a diminuir quando o paciente tem uma boa rede de apoio. “A maioria já encara o toque como um exame importante. É bom notar que as esposas têm contribuído para que os homens vejam o toque como rotina necessária”, ressalta o urologista Ernando Pinheiro.

 “A masculinidade não tem nada a ver com a verificação de saúde”, afirma o jornalista John Kennedy, 51 anos. O exame dura de 5 a 7 segundos e pode precaver problemas para uma vida inteira. “O câncer de próstata tem um padrão muito diferente dos outros tipos de câncer. Ele não é, a princípio, tão agressivo”, pontuou o urologista Rogério Vitiver, que tem 20 anos de profissão. Ele considera que o comportamento do paciente se alterou nas últimas duas décadas.

Embora recomendado pelos médicos a partir dos 50 anos para a população geral e a partir dos 45 anos, de acordo com histórico da doença na família, é prudente a partir dos 40 que se faça, pelo menos, um Antígeno Prostático Específico (PSA) – exame de sangue usado para diagnosticar o câncer de próstata precoce. A partir dele, caso exista alguma alteração, o paciente é indicado a fazer um exame de toque. “Se nessa idade o PSA for realmente baixo, as chances de desenvolver câncer de próstata no futuro são muito menores”, esclarece o urologista Rogério Vitiver.


Brasília incentiva a campanha Novembro Azul iluminando momumentos (Foto: Valter Campanato / Agência Brasil)

 
Os dias de hoje contribuem com a conscientização masculina e esse excesso de informação tem facilitado bastante para os homens fazerem os exames. O cuidado com a saúde supera qualquer tipo de preconceito ou tabu. “Não é problema para mim. Encaro uma consulta médica como qualquer outra, para prevenir problemas mais graves”, conta John Kennedy.

Ao contrário das mulheres, que desde cedo estão acostumadas a visitas rotineiras ao médico, os homens ainda apresentam alguma resistência quando o assunto é a realização de exames. “A maior preocupação é de ter algum problema mais complicado. O câncer com certeza é temido, mas eu prefiro evitar esse procedimento, conta José Silva*. Especialistas alertam que é preciso monitorar de perto seus pacientes diagnosticados com qualquer tipo de câncer. Os recém-diagnosticados estão mais vulneráveis ao quadro de depressão clínica e o atendimento psicológico é necessário para um melhor desempenho no tratamento da doença.

De acordo com a psicóloga Lia Clerot, os homens, por questões culturais e também biológicas, tendem a ficar receosos em situações que possam ameaçar sua masculinidade. Questões de saúde atreladas ao sistema reprodutor masculino são tratadas, muitas vezes, com medo e permeadas de dúvidas por pura desinformação. “Enquanto as mulheres tendem a ser muito mais cautelosas com sua saúde, em consultas periódicas, eles preferem protelar ao máximo”, explica.  Outra questão pontuada pela psicóloga é o exame de toque, causando inquietação nos pacientes, que ficam com medo de sentir dor ou mesmo sentirem-se violados.

DOENÇA

A próstata é uma glândula que tem em torno de 20 a 30 gramas, do tamanho de um limão taiti, segundo o médico Rogério Vitiver. O órgão fica entre a bexiga e o pênis, e a urina passa por dentro dela. Ela não tem nenhuma associação com o reto, como a maioria das pessoas confunde. “A gente usa o toque retal porque ela fica próxima ao reto. Pelo toque conseguimos sentir a próstata”, diz. A glândula é responsável por produzir cerca de 30% do sêmen.

De acordo com o especialista, ninguém sabe exatamente a causa do câncer de próstata. Existe uma associação genética que diz que, se já existem casos na família com doença antes dos 70, o risco da pessoa de ter o câncer é quatro vezes maior que o da população geral. “Se existirem dois parentes de primeiro grau, esse risco pula de nove a treze vezes mais que a população geral”, explica Rogério.

A doença é um tumor que, na maioria dos casos, tem um crescimento muito lento. Em geral leva 5 anos do diagnostico até haver metástase, diferente dos outros cânceres, que podem levar ao óbito de 6 meses a 1 ano. “O diagnóstico precoce é fundamental no tratamento. Nessa fase da doença existem boas possibilidades de cura”, garante o médico Eraldo Pinheiro.


Dados do Instituto Nacional do Câncer no Distrito Federal (Arte: Pedro Amaral)


Apesar do câncer de próstata não ser tão agressivo quanto os outros, ele ainda é uma grande preocupação. A campanha de conscientização Novembro Azul, com ênfase, principalmente, na prevenção do câncer de próstata, é destaque nessa época do ano. De acordo com dados de 2014 do Instituto Nacional do Câncer (INCA), esse tumor é o segundo que mais mata no Brasil, ficando atrás apenas do câncer de pulmões. No Centro-Oeste, com 1.069 óbitos, segundo o último levantamento, o câncer de próstata é o que mais mata na região. “Sua consequência é a possibilidade de emitir metástases para outros órgãos, mais frequente para os ossos de qualquer parte do corpo”.

*Nome fictício, personagem preferiu não se identificar.


Por Pedro Amaral e Rafael Vasconcellos

Sinais de Educação

 1ª escola bilíngue pública inaugurada no país está em Taguatinga. 



O silêncio. Em meio à correria que as grandes cidades impõem – e Brasília está incluída nesse contexto - os barulhos do cotidiano fazem as pessoas valorizarem momentos em que é possível perceber a inexistência de ruídos. Mas e quando o mundo está calado e a ausência dos sons é a única opção? Para as pessoas que possuem algum tipo de deficiência auditiva, conviver com o silêncio é a realidade de cada um deles. Quando um bebê nasce e a família recebe o diagnóstico de que a criança possui um tipo de deficiência auditiva por meio do teste da orelhinha (Triagem Auditiva Neonatal), os pais e parentes próximos entendem que, a partir daquele momento, eles terão de se preparar e se adaptar à realidade daquela criança, para futuramente terem condições mínimas de se comunicar por meio da Linguagem Brasileira de Sinais.

Mas enquanto os familiares se adequam dentro de casa ao “mundo” de um surdo, o ambiente externo não. Por isso é comum ver crianças surdas inseridas no contexto de escolas de ensino regular. Um ambiente estranho à rotina daquele aluno, que foi educado e aprendeu tudo por meio da linguagem de sinais. E quando o ensino é inadequado, aprender pode se tornar um labirinto sem saída.

Aprendizagem

As disciplinas acadêmicas ensinadas nas escolas regulares são baseadas na língua portuguesa, uma segunda língua para o estudante com problemas na audição. Por isso, para alguns profissionais que trabalham com a educação em libras, a forma de ensinar uma criança surda é equivocada. Porque um aluno com problemas auditivos, inserido em uma escola regular, não conseguem interagir com os colegas, aprender o conteúdo e se desenvolver academicamente.

Para Marcos de Brito, presidente da Apada (Associação de Pais e Amigos de Deficientes Auditivos), um caminho para reduzir essas divergências de ensino é priorizar espaços próprios em que o surdo possa trabalhar a linguagem de sinais com o educador. Outra alternativa é a inclusão de professores com a mesma deficiência. “Nós defendemos que existam professores surdos, porque eles sabem quais são as dificuldades que esses alunos têm. Então esse profissional, melhor do que ninguém, pode contornar essas dificuldades de viver num país onde se fala uma outra língua que não a sua”, comenta.

A Apada surgiu em 1975, quando pais de surdos da cidade se reuniram para criar a associação ao perceber que os filhos não interagiam com outras crianças ou portadores de necessidades específicas, e que a sociedade não era inclusiva. No ano 2000 começou a trabalhar o bilinguismo para os surdos, contando com a colaboração da secretaria de Educação, que fornece professores para a associação, mediante termo de cooperação. Atualmente, 11 professores cedidos colaboram no trabalho com surdos egressos da escola, que nunca estudaram e que nunca tiveram contato com outros surdos. Até o mês de Agosto deste ano, 288 portadores de necessidades específicas procuraram a Associação de Pais e Amigos de Deficientes Auditivos, localizada no Conic, em busca dos serviços oferecidos à população.

Segundo Marcos de Brito, o progresso no cenário da educação para surdos avançou 5%, mas faltam os outros 95%. “Dependendo do grau de surdez e da condição do aluno, ele termina o ensino médio como analfabeto funcional. Ou seja, ele foi sendo empurrado, tem um conteúdo muito raso e depois que termina o ensino médio não consegue fazer uma faculdade, passar em um concurso público. Sempre foi um equívoco a forma que se ensinou a esse surdo.”, afirma.

Segunda Língua

No dia 24 de abril de 2002, Fernando Henrique Cardoso, então Presidente da República, oficializou a Linguagem Brasileira de Sinais como a segunda língua oficial do país por meio da lei nº 10.436. O artigo 4º garante o ensino de libras como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Mas tal medida só foi formulada de maneira correta e colocada em prática 12 anos após o decreto. O Plano Nacional de Educação (PNE) de 2014-2024 reconheceu, em âmbito nacional, a necessidade da implantação de escolas bilíngues, em que o aluno surdo tem a formação acadêmica aplicada na língua dele. 

No Distrito Federal, a lei nº 5.016 de 11 de janeiro de 2013, estabelece diretrizes e parâmetros para o desenvolvimento de políticas públicas educacionais voltadas à educação bilíngue para surdos, a serem implementadas no âmbito do DF. De acordo com censo, realizado em 2015 pela Secretaria de Educação, 1.485 alunos com surdez ou problemas auditivos estão matriculados nas escolas públicas do DF.

Para ser uma alternativa aos obstáculos e retardos na educação, e amparada pela lei nº 5.016, a Escola Bilíngue Libras e Português Escrito de Taguatinga iniciou os trabalhos em julho de 2013, no lugar da antiga Escola Classe 21, se tornando a primeira escola bilíngue pública do Brasil. Da escola antiga só o que restou foi a instalação, porque toda a metodologia de ensino foi alterada. O trabalho pedagógico da escola é voltado para surdos, deixando para trás os problemas mencionados anteriormente na reportagem, a fim de proporcionar aos alunos da escola bilíngue um ambiente ideal para o aprendizado.

Cartazes da escola possuem instruções em libras
São 39 professores, incluindo uma educadora surda, distribuídos em cinco etapas de ensino dentro da escola, oferecidas em educação infantil e turmas multisseriadas, estimulação linguística precoce com alunos de 2 e 3 anos, classes bilíngues de anos iniciais e finais e turmas de ensino médio. Além disso, acompanham aulas na instituição sete turmas remanescentes da Escola Classe 21, que por sua vez, também são lecionados com a linguagem de sinais. Turmas de terceiro segmento, ou Educação de Jovens e Adultos (EJA) ocupam as atividades noturnas da instituição.
Com parte acadêmica diferenciada, conteúdos ministrados durante as aulas aproveitam recursos visuais, como a utilização de Datashow e Powerpoint. Todo o trabalho é pensado com antecedência para explorar imagens, o que contribui para melhorar a assimilação didática dos alunos.

Resultados

A diretora da Escola Bilíngue de Taguatinga, Maristela Batista de Oliveira, explica que a disposição espacial dos alunos em sala de aula é um fator importante nas salas menores em relação às escolas regulares. “Ela é organizada em 'U' para que o aluno não perca nenhum tipo de informação visual que o professor passa e que ele possa também interagir com o profissional que está ali”, relata.

As avaliações, além de serem aplicadas de forma escrita, são apresentadas aos estudantes por meio de vídeos em linguagem de sinais. A escola dispõe de um estúdio de gravação, onde os professores podem solicitar com o responsável técnico a elaboração dos materiais didáticos que serão utilizados com as turmas. E mesmo sendo a única escola bilíngue pública, a demanda por vagas não é grande, o que proporciona vagas suficientes para a população.

Organização em "U" auxilia no visual dos alunos com professores
Maristela ressalta que as medidas adotadas para fornecer um ensino de qualidade aos deficientes auditivos contribuíram para obter resultados gratificantes com os estudantes do ensino médio. “Os nossos alunos estão passando no vestibular. Em 2015, 11 entraram para a universidade. Nós tivemos uma aluna que passou pelo Enem e PAS, então ela pôde escolher e hoje faz o curso de Letras-Libras na UnB.”, comenta a diretora. No simulado do Enem, realizado na escola, os estudantes surdos conseguiram alcançar notas acima da média da avaliação, o que resultou um sentimento de orgulho por parte da direção. “Ele estão retendo mais conhecimento, estão aprendendo mais. O aluno tira suas dúvidas, ele pergunta, conversa e discute. É o protagonista, todas as atividades são voltadas para ele”, afirma Maristela.

Antes da criação da lei 5.016 e da inauguração do conceito da escola bilíngue, o Centro Educacional da Audição e Linguagem Ludovico Pavoni (CEAL-LP) trabalhava com a alfabetização de crianças surdas na 909 Norte. Porém, desde 2008, foi impossibilitado de exercer essa função por uma determinação do MEC. O padre italiano Giuseppe Rinaldi, também conhecido com “Padre José”, explica como foi recebida a notícia pela instituição. “Nós fomos proibidos de ter escola especial aqui, e isso foi um baque muito grande. Porque nós tínhamos até a alfabetização. O MEC fala que não pode existir escola especial, porque toda escola têm que ser inclusiva. E nossa associação de pais está lutando contra isso. Porque se o Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais (CEE DV) conseguiu reverter isso, se a escola bilíngue de Taguatinga conseguiu reverter isso, porque nós não podemos?”, afirma o diretor da instituição.

O CEAL, que hoje também faz atendimentos por meio de convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS), mantém uma parceria que recebe professores da Secretaria de Educação, fornecendo apoio pedagógico aos alunos. Mas o diretor do Centro Educacional da Audição e Linguagem, Ludovico Pavoni, alerta para os problemas que somente um acompanhamento pedagógico pode acarretar sem a instrução correta por parte das escolas. “Os nossos alunos estão encontrando uma dificuldade muito grande lá fora. E ter só um apoio pedagógico aqui, muitos estão perdendo, porque alguns dão conta, outros não. E muitos seguem lá e não têm uma alfabetização firmada, efetiva. E isso gera problemas que quando vão ser resolvidos?”, indaga Padre José.

Em nota, a Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEEDF) informou que oferece educação bilíngue aos estudantes surdos, em Libras e Língua Portuguesa escrita, conforme a Lei 10.436/2002, regulamentada pelo Decreto 5.626/2005. Os estudantes recebem escolarização em um turno e Atendimento Educacional Especializado no turno contrário. A SEEDF orienta que cada Coordenação Regional de Ensino ofereça a educação bilíngue em escolas-polo, dos anos iniciais, finais e do ensino médio. Segundo a secretaria, a organização em polos proporciona o agrupamento dos estudantes com seus pares, o que permite maior desenvolvimento da língua de sinais e acesso a profissionais mais qualificados. Além disso, é preciso que haja um banco de profissionais qualificados, efetivos ou de contrato temporário, com fluência comprovada em Libras e aptidão recebida por meio de procedimento avaliativo, a fim de que possa suprir as lacunas no ensino no momento em que faltarem profissionais.

Por Bruno Silveira



Os desafios da maternidade

A maternidade é um momento especial e bastante esperado por muitas mulheres. Algumas optam por tê-los mais tarde, depois que conseguirem estabilidade, tanto na vida conjugal como na profissional. Já em outros casos essa não é uma opção, pois nem sempre uma gravidez é planejada.



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Escassez de água inédita no DF já é rotina

Alguns reservatórios já entraram em estado de alerta e regiões do Distrito Federal sofreram cortes no abastecimento. A previsão é de um aumento de 60% na captação de água.

Abre-se a torneira, e só vem um filete de água. Abre-se mais, e não sai nada. Somente quem já ficou sem água, por pelo menos um dia, sabe o que isso realmente significa. Imagine ficar uma semana, um mês e depender de caminhões pipa para as ações rotineiras, como tomar banho e cozinhar.  O Distrito Federal chegou a uma situação que nunca havia passado e, hoje, pelo menos cinco regiões da capital federal vivem tempos de racionamento de água. Tempos estes que nunca haviam passado pela capital federal, mas que hoje pode ser combatido com o uso consciente de cada cidadão. 


A Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) abastece 98% da população, o órgão afirma que os principais motivos para o longo período de escassez são a falta das chuvas e o alto consumo de água no período mais quente. A empresa ainda afirma que, no caso dos sistemas isolados de captação, que abastecem Brazlândia, Sobradinho, Planaltina, São Sebastião e Jardim Botânico, houve uma diminuição brusca da vazão dos córregos e ribeirões em função da forte seca e concorrência de irrigantes na região. 

A Caesb afirmou que houve cortes nas regiões de Sobradinho, Planaltina, Jardim Botânico, São Sebastião, Brazlândia, e que eles não duraram mais de 24 horas. O comerciário Claudio Cordeiro Maciel, 49 anos, foi um dos que ficaram sem água e afirma que não esperava que isso acontecesse. “Jamais imaginei que esse dia chegaria. Muito embora tivéssemos sido avisados mas jamais acreditei que aconteceria, afinal, sempre tivemos uma água deliciosa e em abundância”. Claudio chegou a ficar por mais de 24 horas sem abastecimento, incomodado com a situação, buscou alternativas para solucionar o problema. “No desespero procurei um pedreiro e sem me preocupar com valor contratei seus serviços, comprei material e ergui uma caixa d'água. Uma despesa que não estava no orçamento”, desabafa.

A Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa) realiza programas educativos de economia de água. Segundo o coordenador de fiscalização da Superintendência de Abastecimento de Água e Esgoto da ADASA, Igor Medeiros, foram publicadas quatro resoluções que auxiliam na contenção do desperdício de água e outras medidas de fiscalização também foram tomadas.” Uma série de ações junto aos produtores rurais, postos de combustíveis, caminhões pipas, parceria com órgãos para atuar na fiscalização das medidas propostas, como polícia militar ambiental e outros”, afirma.

A estudante Laianna Victoria, de 24 anos, faz o uso consciente da água. Além de não deixar as torneiras abertas e pegar a água da chuva com baldes, ela realiza métodos de reaproveitamento. “Eu reutilizo a água da máquina de lavar para fazer a limpeza da varanda, enxaguo a louça toda para ensaboar e colocar no escorredor, além de usar a água do balde do pano de chão na descarga”. Laianna não adota medidas de economia apenas em tempos de crise hídrica. Quando morou em Riachão do Jacuípe, interior da Bahia, aprendeu a fazer o uso consciente da água devido à escassez constante na região. “Já passei situações terríveis lá, uma vez ficamos 15 dias sem água, isso devido tanto pela escassez quanto pela infraestrutura. O normal lá é faltar em um horário certo e depois voltar um dia depois ou dois”, conclui.

A Caesb afirma que, não há nenhum tipo de multa que venha a ser aplicada às pessoas que consumem água indevidamente, mas os que excedem os gastos e acabam pagando mais. O órgão classifica o desperdício quando a água é utilizada para fins não essenciais como lavar a calçada, o carro, deixar torneiras e vasos sanitários com a descarga vazando, tomar banhos prolongados, escovar os dentes com a torneira aberta e outras atividades semelhantes. Ainda segundo a Caesb, essa água, mesmo considerada desperdiçada, passa pelo hidrômetro e não representa uma perda para a companhia, que possui uma capacidade de 9506,1 L/s. A região que mais gasta água é a do Lago Sul com 417 litros por habitante/dia seguido por Brasília com 345 litros. E a que mais economiza água é a Fercal, com 62 litros por habitante/dia seguida por Itapoã, que gasta 67 litros.

MONITORAMENTO E AMPLIAÇÃO

A Adasa faz o monitoramento diário dos níveis de água dos reservatórios do Descoberto e de Santa Maria que, segundo o órgão, abastecem, respectivamente, 60,74% e 28,05% do total de água tratada pelo sistema de abastecimento do DF. Em um período de um mês, do dia 09 de setembro ao dia 09 de outubro, o do Descoberto teve o volume útil reduzido de 43,84% para 31,12%. Isso o coloca em estado de alerta, que vai de 21% até 40%. O de Santa Maria foi de 52,08% para 46,03% considerado estado de atenção, porém, muito próximo ao de alerta. No dia 14 de novembro, o reservatório do Descoberto já estava abaixo dos 20%, e o de Santa Maria em 40%, o que permitiu à Caesb fazer o racionamento programado em todo o Distrito Federal. Além disso, o órgão também monitora a diferença do volume mínimo em relação ao dia anterior, a evolução do volume útil mensal e faz o comparativo dos ciclos de 2015/2016 e 2016/2017. No Descoberto, o volume útil em outubro de 2015 atingiu o valor de 51,9%, já em outubro de 2016 esse valor estava em 26,8%. No mesmo mês, em Santa Maria, os valores foram 83,5% em 2015 e 44% 2016. O site da Agência atualiza os valores, em média, a cada duas horas.

A Caesb vem tomando algumas medidas para aumentar o abastecimento de água no Distrito Federal. “A nossa expectativa é que com essas obras a capacidade de produção de água potável aumente em 60%”, afirmou o presidente da Caesb, Maurício Laduvice.  O Sistema de Corumbá vai ser construído em parceria com o estado de Goiás. Já no mês de outubro, as obras do Sistema Bananal foram iniciadas, elas vão aumentar o sistema de abastecimento de Santa Maria/ Torto que atende cerca de 22% da população e a previsão de término para as obras é no final do ano que vem. As licitações para o sistema que vai captar água no Lago Paranoá foram encerradas, e as obras devem começar em 2017.

O professor do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Sérgio Koide, afirma que a situação não é boa no que diz respeito a novas construções. “A situação hoje é de problemas de recurso para a construção de captações. Há um risco de termos uma situação de precariedade de atendimento em médio prazo. Não estamos numa situação confortável. Estamos trabalhando em cima de prazos apertados”, finalizou.

Acompanhe aqui o nível de água diário de Santa Maria e do Descoberto.
























Por Eduardo Magno
Imagem torneira: Rafael Neddermeyer / Fotos públicas