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Depressão: a doença da década

Segundo o IBGE, milhões de brasileiros têm o diagnóstico, mas muitos não tratam da forma adequada


O estudante de cinema, Iago Nava, de 20 anos, chega durante a semana em casa por volta de meio-dia e logo deita na cama. Algumas vezes ele dorme, outras ele só fica deitado, mas sempre sem vontade de fazer algo a mais. Quando o tédio já o toma por completo, ele vai para o videogame, e lá, passa o resto do dia. Ele diz que luta sempre para não ficar parado, pois é quando a mente está vazia que os problemas surgem. “É sempre uma batalha constante para me manter vivo”, conta.

Iago sofre de depressão, doença que atinge quase 11 milhões de brasileiros, segundo dados do IBGE. Somente no DF, 6,2% das pessoas possuem o diagnóstico. “Coisas simples como sair de casa são um tormento. Tenho muitos sonhos e vontades, mas a depressão tira minha força para realizá-los”, afirma Iago Nava. Ele diz que a doença teve início após o trauma que viveu aos 14 anos, quando o pai faleceu. “Eu demorei a descobrir que estava doente”, explica. Ainda segundo pesquisa do IBGE, 56,9% das pessoas que foram diagnosticadas com depressão realizam tratamento com remédios e 49,7% dessas, procuraram assistência médica.

Olhar pela janela para pensar é cena rotineira na vida de Iago (Foto de arquivo pessoal)
 
O psicólogo Deivid Antônio explica que a doença vem atingindo muito mais jovens e adolescentes no século 21. “O que tem sido muito comum nos relatos dos jovens é a falta de perspectiva, falta de motivação para conquistar algumas coisas, e uma sensação de impotência em relação ao mundo”, explica. A doença traz dificuldades em várias áreas da vida do portador, desde a vida acadêmica até a profissional e a pessoal. “Ela realmente deprime o organismo”, conta o psicólogo.






Perigo para todos
Uma pesquisa realizada em 2015 na Universidade de Brasília, entrevistou 1470 jovens de 10 a 19 anos de todas as classes sociais no DF. O estudo apontou que 68% dos jovens brasilienses mostram-se deprimidos, sendo que 45% apresentaram depressão leve, 19% moderada e 4% grave. Os maiores números de depressão grave e moderada se concentravam em regiões de menor renda, já as ocorrências de depressão leve se situaram mais em áreas nobres de Brasília, principalmente no Plano Piloto.

Veja a pesquisa da UnB sobre depressão em adolescentes.

Deivid Antônio explica que a doença não tem relação com a qualidade de vida. “A depressão não necessariamente tem a ver com a questão financeira, ela tem muito mais a ver com as vivências”, pontua.


Por Rafael Amaral